Psicologia do Desenvolvimento.

É impressionante como a gente muda. Depois dos 18, cada mês que passa, a gente acha que no mês passado era muito infantil e que tudo mudou. Porquê sim, tudo mudou.
É horrível saber que aquele seu namorado, aquele que você era perdidamente apaixonada há só dois anos atrás, hoje já não significa nada além de uma lembrança gostosa e boba, como seu relógio bate-rola. E você termina com ele, sem a menor explicação. Termina pelo mesmo motivo que você cortava o cabelo da sua Barbie preferida: Porque não gostava mais da cara dela, tinha enjoado (era assim que a gente falava).
Daí você descobre que a sua família é um bando de gente. Acabou aquela historinha de que o Tio Alfredo é super engraçado e a Vó Margarete sempre vai estar aqui pra gente. Não, o Tio Alfredo é um bêbado infeliz e a Vó Margarete está mais interessada no bordado e no grupo de oração (todas as quinhas, às 19hs) do que em você. Bem que a sua mãe te disse.
Mas a descoberta não pára por aí. Você não é mais o bebê da mamãe, não é mais a gordinha do papai. E não é que eles te dizem isso, não, não é simples assim. Eles demonstram. Eles passam a te culpar pelas suas decisões e você inevitavelmente descobre que eles têm toda a razão: Você agora é responsável por todos os seus atos.
Daí o primeiro dilema se torna um transtorno. Se mês que vem eu vou me achar uma criança mala e sem sentido, que decisão eu devo tomar hoje? E se eu tomar uma decisão estúpida? E se eu tomar uma decisão maravilhosa que vai mudar a minha vida pra sempre? Será que eu não sou muito novo pra mudar a minha vida pra sempre hoje?
E o novo transtorno: O 'pra sempre'. Até o ano passado, pra sempre terminava no dia em que você casasse. Você iria viver feliz para sempre do lado do tal namorado. Agora, você não tem mais namorado, não tem mais casamento, não tem mais pra sempre. Tem ontem, tem hoje, talvez tenha amanhã (se você não tomar nenhuma decisão MUITO estúpida). Mas 'pra sempre' já era. Porque todos os planos de 'pra sempre' deixaram de existir.
Você se dá conta de que a vida não acaba no dia do seu casamento, se dá conta de que talvez você não case ou que você case umas 5 vezes, até cansar. Talvez você vá pra Hollywood ser stolker do Brad Pitt, talvez você seja RH de qualquer empresa por aqui mesmo. Talvez aconteça um monte de coisa, nas quais você acaba de perder completamente o interesse, porque HOJE as coisas estão acontecendo muito rápido e você precisa acompanhar com muita clareza.
E o legal é isso, as coisas mais importantes da vida de antes já não fazem mais sentido. E você aprendeu a lição muito bem: agora você sabe não dar mais tanta importância assim pros grandes fatos, porque eles vão acontecer ou não, independente de você.